O que eu estou sentindo nesse momento? Não sei dizer. Tenho lágrimas nos olhos, sinto um peso no corpo, um frio na barriga -e afastei todos que estavam próximos de mim. Não olho o celular há alguns dias, saí de grupos, me tranquei no quarto e só respondo com resmungos quando um dos meus amigos bate na porta e pergunta se estou vivo. Será que estou?

Por vezes queria tentar entender o que acontece dentro da minha cabeça, mas já desisti. É tanta confusão, tantas vozes falando simultaneamente coisas sem sentido. Fico irritado, fico desgastado, penso em coisas ruins. Penso no fim. Só queria sumir, mas por existir não faço isso. 

Não posso simplesmente silenciar meus pensamentos do jeito que queria porque isso machucaria muita gente. Explodir a granada na multidão te mata, só que leva muitos com você -e destrói ainda mais aqueles que terão que ficar. 

São 01h32 da madrugada. Estou sem sono. Não me alimentei direito. Não estudei. Não li. Podia dominar o mundo se quisesse, se fosse normal. Se não sentisse o peito inflar e a garganta secar toda vez que tento fazer algo diferente. A empolgação surge e no mesmo ritmo desaparece. É como assoprar um fósforo recém aceso. 

Não sei se alguém entenderia o que estou passando. Estou no mar, sem colete, sem bote... Apenas flutuando, e quando lembro que não sei nadar, o desespero me abate. A água entra em minha boca e vou ficando sem ar, afundando. Aperto os dedos até os nós esbranquiçarem. Não peço ajuda porque ninguém vai me ajudar em meio ao oceano. Quando estou no fundo, bato os pés de volta à superfície e consigo respirar por alguns segundos. Vislumbres de vida que não me deixam desistir. Não dura muito e logo estou submerso de novo.

Só queria saber nadar.