Fiquei pensando sobre o nosso término. Acredito que o fim por si só não seja tão doloroso quanto o que vem depois do ponto final. Coisas tão simples, tão banais, como deletar uma foto nossa juntos ou aquela playlist com o título "eu e você"; pensar naquele sabor de sorvete que você gostava e que eu não quero mais comprar; coisas tolas, que agora me pesam tanto.
Minhas amigas costumam me dizer que tudo vai ficar bem, que é só questão de tempo; quanto tempo? Uma semana? um mês? Um ano? Parece que nenhum tempo vai mudar isso, pois toda vez que mato uma parcela de ti em meu peito, outra lembrança aparece e, mais uma vez, o manto da saudade me cobre. Talvez o tempo não sirva para curar, mas sim para mostrar que nada dura para sempre.
Relendo nossas conversas, onde você jurou seu meu porto seguro, meu guia, meu norte; não parecia que terminaria assim. Não imaginava que alguém para o qual eu disse meu primeiro "te amo", alguém que dei parte de mim, alguém que deixei ver minha alma; pudesse ser tão cruel.
Você me curou, isso não posso negar, porém, logo em seguida, me deixou doente de novo; me mostrou onde ancorar meu barco, apenas para vê-lo afundar; ouviu-me dizer centenas de vezes que te amava, para depois zombar de mim enquanto se esbaldava em meio à outras. Não merecia isso, aliás, ninguém merece. Confiei em alguém que na primeira oportunidade me dispensou, que só me usou. Queria fingir que não te culpo ou que não sinto raiva, mas isso seria mentir.
Aliás, continuo sorrindo para todos, sendo educada e falante como sempre fui, mas não confio em mais nenhuma pessoa, e quando ninguém está perto para ver, eu choro. Não sei se é de remorso, saudade ou ódio, tudo que sei é que são lágrimas que ardem e queimam nos meus olhos.
Ontem, enquanto vasculhava algumas caixas, encontrei uma carta sua onde você dizia que cuidaria de mim e estaria sempre presente. Sabe o que mais me dói nisso? Eu acreditei que fosse verdade. Esse é o problema de escrever algo para alguém: a pessoa jamais vai esquecer das tuas palavras; o registro escrito imortaliza-as. Aquele pedaço de papel onde sua caligrafia foi registada, aquelas doces, porém ludibrias palavras estão eternizadas dentro do meu tolo coração apaixonado.
Ao que parece minha única saída nesse momento é parar de sentir. As pessoas não se importam comigo nem com meus sentimentos. Enterrá-los dentro de mim mesma talvez seja a solução mais sensata. Não queria, mas precisei escrever sobre isso, sobre nós, sobre te ver partir. É que doeu -e ainda dói tanto. Depois daquele dia, em nosso último encontro, quando sentei-me no banco da praça sozinha e chorei; foi o momento exato em que soube que nunca mais te veria.
Tudo que fiz foi cuidar de ti, ser fiel e te amar; não exigi nada que não te desse em dobro, porém tudo que recebi foi um coração partido e um tapa na cara. Irônico, não? Troquei sentimentos coloridos por fumaça e cinzas. É isso, eu que não fui esperta; quis dar um coração de açúcar para uma pessoa diabética.

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