Passou um mês e você continua com esse silêncio perturbador. Pensava que te ouvir dizendo que não me levava a sério tinha sido algo ruim, porém agora que não te ouço dizer mais nada, vejo como o silêncio é bem mais cruel do que todas as discussões, xingamentos e brigas que tivemos.

Achei que fôssemos adultos o bastante para não deixar que idiotices destruíssem tudo o que construímos juntos, entretanto, ambos fomos orgulhosos e mesquinhos. Não estou aqui para dizer que te odeio nem para estender ainda mais essa história, que já teve seu ponto final inserido (por ti, não por mim), mas sim, para dizer que te perdoo e, acima disso, que me perdoo também.

Estou perdoando a nós dois por termos sido tão fracos e usado o nome do amor em vão; estou te perdoando por me deixar em inércia, esperando alguma coisa, talvez um final alternativo dessa história que nem mesmo queria que tivesse acabado. E estou me perdoando por ter lutado tanto.

Aliás, devia ter orgulho disso, pois não desisti tão fácil; mas uma hora a gente cansa de esperar no ponto de ônibus e segue a pé mesmo. Não vou negar que ainda espero por uma resposta, que sei que nunca vai chegar, porém estou te escrevendo para pedir que siga em frente, pois parte de mim precisa disso para que eu possa seguir também.

Saiba que jamais te odiarei por escolher desistir de nós, pelo contrário, agradeço por não ter me deixado amando sozinho e prolongar ainda mais um relacionamento que, segundo você, não era nada. Ao menos foi sincero ao dizer isso. Sou agradecida pela sinceridade, mesmo que tenha doído.

Esse é meu adeus para você. Não é mais um "adeus" da boca pra fora. É meu coração quem está se despedindo de ti. Dizem que quando se ama, devemos deixar o outro livre para voar, e o que for da gente volta. Te deixo livre para voar, mas não quero que volte. Me sinto livre para voar também -e vou para longe daqui.

Espero que encontre o tipo de amor que deseja; e quando encontrá-lo, faça ninho, crie raízes. Sossega um pouco. Voar demais às vezes cansa.